O fagote tem muitos pontos em comum com o oboé. O seu tubo, cônico como o do oboé, é tão longo que é dobrado contra si mesmo, primeiro para baixo, depois para cima, estando a campânula acima da cabeça do instrumentista. (Em italiano e alemão, a palavra fagote significa um feixe de varetas.) A palheta dupla do fagote, mais curta e mais larga que a do oboé, é encaixada no "s" de metal que é curvado para trás e para baixo até alcançar os lábios do instrumentista. O instrumento é seguro por uma bandoleira ou por um espigão apoiado ao solo, de maneira similar ao violoncelo.
As partes para o fagote são escritas na clave de fá, ou na clave de dó, na quarta linha nas notas agudas. O fagote não é um instrumento transpositor. O seu timbre é rascante, granuloso, um pouco seco, porém muito rico. As notas do registro agudo podem soar apertadas, um tanto tristes.
O fagote é um dos membros mais úteis da orquestra. Às vezes ele toca solos. Mais freqüentemente, porém, executa a linha do baixo para os outros sopros, fundindo-se com as trompas ou dobrando com os violoncelos, para dar um pouco mais de contorno e vitalidade ao som. Tocando staccato, o fagote pode casquinar com muito humor.
Porém, tocando legato, o fagote pode soar com seriedade, se não com alguma tristeza.
O fagote foi incorporado à orquestra no início do século XVIII.
Contrafagote
O contrafagote soa uma oitava abaixo do fagote normal, e toca as notas mais graves do naipe de sopros. Para torná-lo mais prático com suas grandes dimensões, o contrafagote é dobrado em quatro. Assim como o fagote, o contrafagote usa uma palheta dupla.
O contrafagote só é incluído na orquestra se ela for razoavelmente grande. Ele raramente faz um solo, porém é usado para reforçar a linha do baixo, estabelecendo uma base sólida para os sopros ou dando mais contorno e definição ao som das cordas graves. A parte do contrafagote é escrita uma oitava acima dos sons reais.
O timbre do contrafagote é profundo, seco e pode assemelhar-se a um rosnado. Em A Bela e a Fera, da suíte Ma Mère l'Oye, de Ravel, o contrafagote foi obviamente escolhido para representar a fera. O som do contrafagote no início do Concerto para a Mão Esquerda, também de Ravel, tem sido comparado ao de um monstro pré-histórico e emergindo de um pantanal.